sábado, 15 de agosto de 2015

12º Festival Itambiense de Poesia (FIP)

Divulgando essa linda iniciativa:

No dia 31/10/2015, a partir das 19:30 hs, no Salão Paroquial de Itambi, ocorrerá o 12º Festival Itambiense de Poesia (FIP). Inscrições: 01 de Agosto à 01 de Outubro. Divulguem e Participem!!!
Fonte: Feliciano Pereira Barreto

A força do Amaralismo em Itaboraí

* Luiz Maurício de Abreu Arruda

CPDOC
     As imagens em destaque representam um momento importante da política fluminense em Itaboraí.
Trata-se de Ernâni do Amaral Peixoto, em plena campanha eleitoral para o Governo do Estado do Rio De Janeiro em abril de 1950. Discursando da sacada do Teatro Municipal João Caetano na Praça de Itaboraí. O “comandante” como era chamado, atraiu um grande público como evidenciado na segunda imagem, em que se nota ao fundo a Igreja Matriz de São João Batista.
    Itaboraí, assim como outros municípios do interior do Estado do Rio eram localidades que estavam sob o domínio do PSD , partido liderado por Amaral Peixoto, que soube aproveitar seu prestígio político conquistado no período que esteve a frente do executivo estadual fluminense durante o regime do Estado Novo (1937-1945). Os núcleos de resistência ao PSD estavam concentrados principalmente na capital (Niterói), entretanto o interior permanecia território livre ao pessedismo.
    O comício ocorreu em 16 de abril de 1950(domingo) e contou com grande mobilização do PSD local, em especial a família Andrade Leal que era na época uma das principais representações do partido em Itaboraí. Segundo o Jornal Folha de Itaboraí foi realizada grande mobilização para essa convenção, que durante o dia utilizaram caminhões para buscar parte da população nos distritos da cidade, fora aqueles que vieram a cavalo, bicicleta ou a pé.
    Ao chegar à cidade por volta das 15 horas, uma grande comitiva, liderada pelo então Prefeito João Augusto de Andrade, já aguardava na Praça. Após um breve descanso na residência do Prefeito, os integrantes dessa comitiva se dirigiram para o Teatro João Caetano, onde teve início a convenção pessedista sob a liderança do “comandante”, que em seguida faria o tão esperado comício.
    O jornalista Odyr de Barros aponta para mais de 4.000 pessoas presentes, afirmando ter sido esse o “Espetáculo jamais visto em Itaboraí”, entretanto essas informações devem ser relativizadas, pois se tratava de um correligionário do PSD, que ocupava inclusive o cargo de tesoureiro do partido local. O Jornal O Fluminense, que era o principal jornal da Capital e oposição a Amaral Peixoto, silenciou qualquer informação relativa à movimentação política do PSD em Itaboraí. Esse comício ocorrido em Itaboraí demonstra a força do “Amaralismo”, evidenciando que naquele período somente um candidato era capaz de reunificar a tumultuada política fluminense.
    O PSD foi o grande vitorioso no Estado do Rio, consolidando o retorno de Amaral Peixoto ao Palácio do Ingá. Com aproximadamente 75% dos votos válidos, impôs uma derrota considerável ao seu oponente José Eduardo Prado Kelly, candidato da situação, que contou com o apoio do Governador Macedo Soares, que havia rompido com o PSD e se filiado a UDN. Além da vitória de Amaral Peixoto, o PSD elegeu dois senadores e dez deputados federais contra quatro deputados da UDN, principal partido de oposição pessedista.
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Luiz Maurício de Abreu Arruda é Professor de História na rede municipal de Rio Bonito e Mestre em História Política (UERJ). Autor da obra "A nova Jericó Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do Iguá em Itaboraí/RJ (1935-1953). Disponível em: http://historiadeitaborai.blogspot.com.br/…/a-nova-jerico-m…
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Fontes e Bibliografia:
[1] Partido Social Democrático (PSD) surgiu após o fim do Estado Novo, a partir da influência de Getúlio Vargas. A primeira convenção nacional foi realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 17 de julho de 1945, ocasião em que foi apresentado o programa do partido e lançada oficialmente a candidatura de Dutra à presidência da República. Em outra reunião Amaral Peixoto foi escolhido para compor o diretório nacional, integrado ainda por outros interventores, entre eles Benedito Valadares, Ismar de Góis Monteiro, de Alagoas, e Agamenon Magalhães. Verbete PEIXOTO, Ernani do Amaral. In: Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro. Acessado em 10\08\2015. (http://www.fgv.br/cpdoc/busca/Busca/BuscaConsultar.aspx)
[2] SOARES, Emmanuel de Macedo. História Política do Estado Rio de Janeiro (1889-1975). Niterói: Imprensa Oficial, 1987 e PANTOJA, Silvia Regina Serra de Castro. As raízes do pessedismo fluminense. A política do interventor: 1937-1945. Rio de Janeiro: CPDoc, 1992.
[3] Família Andrade Leal foi uma das principais lideranças políticas de Itaboraí, dominando o cenário político entre as décadas de 1940-1950. Seus principais atores foram: Antônio Leal Júnior, Margarida Andrade Leal e João Augusto de Andrade.
[4] Jornal Folha de Itaboraí, 20 de abril de 1950. Ano 2, nº93.
[5] ARRUDA, Luiz Maurício de Abreu. “A nova Jericó Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do Iguá em Itaboraí/RJ (1935-1953). Dissertação de Mestrado em História Política, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
[6] SOARES, Emmanuel de Macedo e PANTOJA, Silvia Regina Serra de Castro. Idem.