domingo, 12 de abril de 2015

João Augusto de Andrade, herói ou vilão?

* Luiz Maurício de Abreu Arruda 

Fonte: Jornal O São Gonçalo, 21/09/1947
João Augusto de Andrade foi além de advogado, jornalista e político de destaque em Itaboraí. Pertencente à corrente política liderada por seu cunhado Antônio F. da S. Leal Júnior e sua irmã Margarida de Andrade Leal, ocupou o cargo de prefeito por duas vezes durante as décadas de 1940 e 1950, momento esse em que a legenda PSD dominou o cenário político fluminense a partir do capital político de Ernâni do Amaral Peixoto, genro de Getúlio Vargas. [1] 
Durante o período do regime do Estado Novo (1937-1945), os prefeitos eram nomeados pelo Interventor estadual. Foi neste período que João Augusto de Andrade ganhou força no cenário político de Itaboraí, sendo nomeado prefeito em 1943. Após o fim do Estado Novo, os partidos novamente se organizaram nas esferas: municipal, estadual e federal. Novas eleições foram convocadas e os principais atores que estavam acomodados no poder, durante o regime varguista, rapidamente procuraram se articular a fim de buscar se perpetuar no poder através das urnas. Em Itaboraí não poderia ser diferente, pois não foi à toa que João Augusto de Andrade se candidata a prefeito pelo PSD e vence as eleições de 1947. [2]
O domínio político do PSD em Itaboraí durante essas duas décadas (1940-1950) foi expressivo, tendo inicialmente a liderança de Antônio Francisco da Silva Leal, que já havia sido deputado estadual nas décadas de 1920 e 1930 representando Itaboraí. Essa influência foi herdada por seu filho, o advogado Antônio Francisco da Silva Leal Júnior.
Importantes melhorias na infraestrutura do município ocorreram durante o governo de João Augusto de Andrade, que esteve no executivo municipal por quase dois mandatos consecutivos. Exemplos destas mudanças são: a Instalação da “luz e força” (energia elétrica) em 1949 e o calçamento da cidade de Itaboraí iniciado em 1948, onde na ocasião foram colocados boa parte dos tradicionais paralelepípedos. [3] 
Durante o primeiro governo de Roberto Pereira dos Santos (1951-1955), a família Andrade Leal fundou o Jornal Tribuna de Itaboraí (1955), no qual João Augusto de Andrade foi o redator-chefe. O surgimento deste Jornal buscou defender os interesses deste grupo político, que após grave crise partidária local (PSD), teve a saída de nomes importantes como o do próprio Prefeito Roberto Pereira dos Santos e do jornalista Odyr de Barros, diretor chefe do Jornal Folha de Itaboraí. [4]
Na memória coletiva de antigos moradores de Itaboraí, associa-se a imagem de João Augusto de Andrade a uma possível “queima de arquivos históricos” da cidade, algo extremamente prejudicial para a preservação da memória e história de nosso município. Esse fato, inclusive justifica em parte a construção de uma imagem negativa ao seu respeito.  
João Augusto de Andrade ocupou também diversos cargos da administração pública do Estado do Rio de Janeiro, como o de Procurador da Secretaria de Finanças, cargo que exercia quando faleceu em 06 de maio de 1970, considerado como suicídio pelas autoridades policiais de Niterói. [5] 



* Professor de História na rede municipal de Rio Bonito e Mestre  em  História  Política (UERJ). Autor da obra "A nova Jericó Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do Iguá em Itaboraí/RJ (1935-1953). 

Fontes e Bibliografia:

[1] SOARES, Emmanuel de Macedo. História Política do Estado Rio de Janeiro (1889-1975). Niterói: Imprensa Oficial, 1987 e PANTOJA, Silvia Regina Serra de Castro. As raízes do pessedismo fluminense. A política do interventor: 1937-1945. Rio de Janeiro: CPDoc, 1992.
[2] Jornal O São Gonçalo, Ano XVI, Nº7945, 13 de fevereiro de 1946. 
[3] Apesar de a instalação do novo sistema de abastecimento de água (1953) ter ocorrido no governo de Roberto Pereira dos Santos, é importante destacar as várias iniciativas realizadas por João Augusto de Andrade para solução desse problema que representou durante um longo período, uma grave questão enfrentada pela população de Itaboraí. ARRUDA, Luiz Maurício de Abreu. “A nova Jericó Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do Iguá em Itaboraí/RJ (1935-1953). Dissertação de Mestrado em História Política, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
[4] Jornal Folha de Itaboraí ( 1953-1957) e Jornal Tribuna de Itaboraí ( 1955-1957).
[5] Jornal O Itaborahyense. Nº 2190, Ano 76, 07 de maio de 1970 e Jornal Diário de Notícias. Nº14584, 07 de maio de 1970.

sábado, 4 de abril de 2015

“A NOVA JERICÓ MALDITA”: EMBATES E LUTAS CONTRA A INSTALAÇÃO DA COLÔNIA DO IGUÁ, EM ITABORAÍ/RJ (1935-1938)


Artigo apresentado no VII Simpósio Nacional de História Cultural
História cultural: escritas, circulação, leituras e recepções
Universidade de São Paulo – USP
10 e 14 de Novembro de 2014

* Luiz Maurício de Abreu Arruda


* Mestre  em  História  Política  pela Universidade  do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor da rede municipal de Rio Bonito.