Deivid Antunes da Silva
INEPAC |
Quem chega a Praça principal de Itaboraí se depara com um imponente
prédio colonial: a Igreja Matriz de São João Batista [1]. Neste prédio, o
devoto ou visitante que entra pela grande porta principal [2] recinto a
dentro vê um conjunto retabilístico [3] muito importante. À esquerda,
da nave da Matriz estão os retábulos de 2º tipologia do “estilo
nacional” português do período barroco [4]. Já os do lado da epístola,
isto é, da direita da nave são da 4º tipologia ou “novo estilo” (Estilo
rococó) [5].
No altar-mor está a imagem [6] do patrono da Igreja
Matriz, São João Batista [7] em tamanho natural com uma grande riqueza
de detalhes, pois o artista conseguiu expressar na madeira até veias
humanas. Infelizmente por carência de fontes a autoria da imagem do
patrono da Matriz de Itaboraí é desconhecida, porém por suas
característica é possível perceber que foi esculpida no século XVIII e
não se trata de manufatura nacional como observou Nancy Rabelo (2009)
[8] . Além da rica policromia [9] a imagem de São João Batista era
ornada com uma cruz proporcional ao conjunto artístico e uma auréola
[10], ambos em prata dourada, que infelizmente levadas nos furtos de
1970 [11] e de 1984 [12].
Ao observar a imagem [13], o espectador
de hoje pode vislumbrar como um fiel do século XVIII via a imagem no
sentido pedagógico da religião. Como a Igreja Católica, no cotidiano da
prática da Fé poderia ensinar as massas se as mesmas eram absolutamente
analfabetas? Para os seletos que tinham um pouco de letramento o acesso a
uma bíblia na sua língua materna ainda era proibido e a interpretação
dos textos sagrados cabia exclusivamente ao clero. Além disso, as missas
eram no Rito Tridentino, ou seja, em latim.
Diante disso, a Igreja
Católica se valeu de uma tática usada por vários povos da antiguidade,
sobretudo o Império Romano do qual herdou muitas características:
trata-se do uso de imagens para representação de seus santos [14]. Em
suma, diante da conjuntura do período, o interior das igrejas deveria
representar a glória dos Céus e nada mais propício do que o uso de
imagens para esse fim, sobretudo no barroco, onde a tipologia da Igreja
Matriz de Itaboraí esta inserida.
Essa imagem de São João
Batista tem em seu conjunto a representação de um cordeiro que no
judaísmo antigo era sacrificado para a purificação do fiel em ritual
oferecido no Templo de Salomão em Jerusalém [15]. Na mão direita da
imagem se vê uma bíblia que representa a doutrina pregada por João
Batista. Na esquerda uma cruz proporcional à imagem. Nas demais
representações do Santo há uma flâmula pendurada com uma inscrição em
latim: “ECCE AGNUS DEI” que significa: “Eis o Cordeiro de Deus.” Esta
frase é uma referência a fala de João Batista [16] em anunciar a vida de
Jesus de Nazaré como o salvador do mundo, através do sacrifício do
próprio Jesus que segundo a Tradição Cristã se imolou como cordeiro para
purificação dos pecados de toda a humanidade.
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Deivid Antunes da Silva é Historiador e Professor de História na Rede Estadual de Tanguá.
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Fontes e Bibliografia:
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Deivid Antunes da Silva é Historiador e Professor de História na Rede Estadual de Tanguá.
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Fontes e Bibliografia:
[1] Sobre a Igreja Matriz de São João Batista ver o texto “A
Construção da Igreja de São João Batista de Itaboraí” escrito pelo
professor Me. Gilciano Menezes Costa disponível em: https://www.facebook.com/permalink.php… 5 067306&substory_index=0
[2] Atualmente a porta principal esta fechada por risco de acidentes.
[3] É uma peça de altar de madeira, mármore ou de outro material, com lavores, que fica por trás ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em relevo.
[4] É o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América.
[5] Ver RIBEIRO, Luiz Marcello Gomes. Gritos e sussurros: a retabilística barroca de São João de Itaboraí. 1º Ed. – Rio de Janeiro: Ed. do autor, 2012, Capítulo IV.
[6] A imagem foi retirada do Altar-mor junto com as outras da Igreja devido ao trabalho de descupinização emergencial na década de 2010.
[7] Dentro dos Textos Sagrados e pela tradição Cristã, João era filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria a mãe de Jesus de Nazaré. Foi um profeta e primo de Jesus. Morreu martirizado por decapitação. Recebeu o apelido de batista por batizar os fies com água para livra-los do pecado original.
[8] “ A ótima definição anatômica, as proporções exatas e domínio técnico desta escultura, demonstram ter sido executada por artista de formação exemplar. Detalhes como pés e mão, entre outros, demonstram estes dotes artísticos, situando com precisão ossos, veias, e músculos. O refinado acabamento ornamental demonstra o alto nível da encomenda, que contudo não possui olhos de vidro” IN: RABELO, N. R. M. A escultura religiosa fluminense e as Visitas Pastorais do Cônego Pizarro em 1794-1795. Tese de Doutorado apresentada a escola de Belas Artes da UFRJ. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009, citado por RIBEIRO, Luiz Marcello Gomes. Gritos e sussurros: a retabilística barroca de São João de Itaboraí. 1º Ed. – Rio de Janeiro: Ed. do autor, 2012, p. 130.
[9] Policromia é a arte feita com várias cores. É o emprego de várias cores no mesmo trabalho.
[10] Anel luminoso ou peça ger. de metal, circular ou semilunar, com que pintores e escultores freq. circundam a cabeça das personagens sagradas; nimbo, resplendor.
[11] FABRINO, Raphael João Hallack. Os furtos de Obras de Arte Sacra em Igrejas Tombadas do Rio de Janeiro (1957-1995). Dissertação de mestrado – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2012, p. 50.
[12] “O último furto ocorrido em 1984 se refere ao segundo furto na Matriz de São João Batista em Itaboraí. De acordo com as informações da reportagem foram levados da igreja cerca de Cr$ 20 milhões em objetos sacros de prata. Os seguintes objetos foram furtados: uma 42 coroa de São João Batista, uma chave de sacrário, duas âmbulas, duas tecas (cofres pequenos), uma coroa paroquial, uma coroa de Nossa Senhora de Fátima, um punhal de Nossa Senhora das Dores e um resplendor de Santo Antônio.” IN: FABRINO, Raphael João Hallack. Os furtos de Obras de Arte Sacra em Igrejas Tombadas do Rio de Janeiro (1957-1995). Dissertação de mestrado – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2012, p.41-42.
[13] Foto de Flavio Santos. Inventário de Arte Sacra Fluminense. Disponível em: http://www.artesacrafluminense.rj.gov.br/modules.php…#
[14] Sobre imagens sacras ver o Código de Direito Canônico Título IV, câns. 1187-1189. 42.
[15] Ver o texto o “Cordeiro de Deus”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cordeiro_de_Deus
[16] Bíblia de Jerusalém. 1ª Ed. – 9ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2013 IN: Evangelho de João, cap. 1 , vers. 29. p. 1844.
[2] Atualmente a porta principal esta fechada por risco de acidentes.
[3] É uma peça de altar de madeira, mármore ou de outro material, com lavores, que fica por trás ou acima do altar e que, normalmente, encerra um ou mais painéis pintados ou em relevo.
[4] É o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América.
[5] Ver RIBEIRO, Luiz Marcello Gomes. Gritos e sussurros: a retabilística barroca de São João de Itaboraí. 1º Ed. – Rio de Janeiro: Ed. do autor, 2012, Capítulo IV.
[6] A imagem foi retirada do Altar-mor junto com as outras da Igreja devido ao trabalho de descupinização emergencial na década de 2010.
[7] Dentro dos Textos Sagrados e pela tradição Cristã, João era filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria a mãe de Jesus de Nazaré. Foi um profeta e primo de Jesus. Morreu martirizado por decapitação. Recebeu o apelido de batista por batizar os fies com água para livra-los do pecado original.
[8] “ A ótima definição anatômica, as proporções exatas e domínio técnico desta escultura, demonstram ter sido executada por artista de formação exemplar. Detalhes como pés e mão, entre outros, demonstram estes dotes artísticos, situando com precisão ossos, veias, e músculos. O refinado acabamento ornamental demonstra o alto nível da encomenda, que contudo não possui olhos de vidro” IN: RABELO, N. R. M. A escultura religiosa fluminense e as Visitas Pastorais do Cônego Pizarro em 1794-1795. Tese de Doutorado apresentada a escola de Belas Artes da UFRJ. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009, citado por RIBEIRO, Luiz Marcello Gomes. Gritos e sussurros: a retabilística barroca de São João de Itaboraí. 1º Ed. – Rio de Janeiro: Ed. do autor, 2012, p. 130.
[9] Policromia é a arte feita com várias cores. É o emprego de várias cores no mesmo trabalho.
[10] Anel luminoso ou peça ger. de metal, circular ou semilunar, com que pintores e escultores freq. circundam a cabeça das personagens sagradas; nimbo, resplendor.
[11] FABRINO, Raphael João Hallack. Os furtos de Obras de Arte Sacra em Igrejas Tombadas do Rio de Janeiro (1957-1995). Dissertação de mestrado – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2012, p. 50.
[12] “O último furto ocorrido em 1984 se refere ao segundo furto na Matriz de São João Batista em Itaboraí. De acordo com as informações da reportagem foram levados da igreja cerca de Cr$ 20 milhões em objetos sacros de prata. Os seguintes objetos foram furtados: uma 42 coroa de São João Batista, uma chave de sacrário, duas âmbulas, duas tecas (cofres pequenos), uma coroa paroquial, uma coroa de Nossa Senhora de Fátima, um punhal de Nossa Senhora das Dores e um resplendor de Santo Antônio.” IN: FABRINO, Raphael João Hallack. Os furtos de Obras de Arte Sacra em Igrejas Tombadas do Rio de Janeiro (1957-1995). Dissertação de mestrado – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2012, p.41-42.
[13] Foto de Flavio Santos. Inventário de Arte Sacra Fluminense. Disponível em: http://www.artesacrafluminense.rj.gov.br/modules.php…#
[14] Sobre imagens sacras ver o Código de Direito Canônico Título IV, câns. 1187-1189. 42.
[15] Ver o texto o “Cordeiro de Deus”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cordeiro_de_Deus
[16] Bíblia de Jerusalém. 1ª Ed. – 9ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2013 IN: Evangelho de João, cap. 1 , vers. 29. p. 1844.
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