* Luiz
Maurício de Abreu Arruda
Jornal Tribuna de Itaboraí |
Idealizada
por diferentes gerações e motivo de intensas disputas políticas, a construção
de um Hospital no município de Itaboraí representou durante longo período uma
antiga demanda da população.
Devido
à ausência de uma instituição pública de saúde para atendimento da população
mais carente, a solução encontrada veio através da parceria da sociedade civil
e pública que resultou na fundação da Casa de Caridade São João Batista de Itaborahy,
no final da década de 1930, servindo como espaço hospitalar, localizada no
centro histórico de Itaboraí, mais precisamente na atual sede da Prefeitura. [1]
A
história do Hospital Leal Júnior inicia-se em 1949, quando foi lançada a pedra
fundamental para sua construção, a partir da iniciativa do grupo político
liderado pelo Deputado Leal Júnior. A lei municipal que criava o hospital foi iniciativa
da vereadora Margarida Andrade Leal (esposa de Leal Júnior), que inclusive era
líder da Câmara Municipal, sendo o Prefeito, seu irmão João Augusto de Andrade
Leal.
O
projeto arquitetônico foi realizado pelo engenheiro Sá Freire, que previa
enfermarias, consultórios, farmácia, laboratório, sala de operações, curativos,
depósito, câmara frigorífica, necrotério e capela, além de salas que pudessem
suprir as necessidades burocráticas. O orçamento inicial foi de 800.000
cruzeiros, porém, o orçamento aprovado pela Prefeitura para o ano de 1950, foi
de CZ$1.500.000,00 (cruzeiros), demonstrando assim que a sua construção só
seria possível a partir de recursos do Governo do Estado ou Federal.[2]
Na
fotografia em anexo, podemos verificar o andamento da construção do hospital em
1954. No cruzamento das ruas registrado na fotografia, verificamos a ausência
de calçamento e tratam-se atualmente das ruas Desembargador Ferreira Pinto e a
Avenida Vereador Hermínio Moreira. [3]
Sua
inauguração demandou uma espera de cerca de oito anos, devido à falta de recursos
para finalização da obra e também como resultado
principalmente da queda de braço travada entre o poder local e o estadual,
visto que 70% do custo de toda obra veio da Secretaria de Saúde do Estado do RJ.
Os principais atores envolvidos nesse enfrentamento foram a família Andrade
Leal e seu principal membro o próprio Leal Júnior.
A
inauguração do “moderno” Hospital Desembargador Leal Júnior foi programada para
o dia do aniversário do município, porém, somente em 23 de maio de 1957 ocorreu
a solenidade, que contou com a participação de parte da população e de
importantes políticos do Estado do Rio de Janeiro, como o governador do Estado,
Miguel Couto Filho, e dos deputados Ângelo Bittencourt, Saramago Pinheiro e
Leal Júnior. [4]
Com
uma área de 10.000 metros quadrados, a edificação abriga hoje o Tribunal
Regional Eleitoral de Itaboraí, além de outras seções da Prefeitura. [5] Vale salientar que, a
partir de 18 de setembro de 1992, o Hospital Leal Júnior foi transferido para o
Bairro Nancilândia.
*
Professor de História na rede municipal de Rio Bonito e Mestre em
História Política (UERJ). Autor da obra "A nova Jericó
Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do Iguá em Itaboraí/RJ
(1935-1953).
Fontes e Bibliografia:
[1] Trata-se de um patrimônio
histórico que remonta finais do século XVIII. Consta ter sido reformada entre
1832 e 1834 por Joaquim José Rodrigues Torres, futuro Visconde de Itaboraí,
para servir-lhe como uma de suas moradias. Daí a designação: Palacete Visconde
de Itaborahy. In: REZNIK, Luís (org.). Patrimônio
cultural no leste fluminense: história e memória de Itaboraí Rio Bonito
Cachoeiras de Macacu Guapimirim Tanguá – Rio de Janeiro: EdUERJ; PETROBRAS,
2013. pp.91-93 e Jornal O Itaborahyense, 10
de junho de 1946, ano 51, nº 4732,
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