* Luiz
Maurício de Abreu Arruda
Fonte: Jornal O São Gonçalo, 21/09/1947 |
João Augusto de Andrade
foi além de advogado, jornalista e político de destaque em Itaboraí.
Pertencente à corrente política liderada por seu cunhado Antônio F. da S. Leal
Júnior e sua irmã Margarida de Andrade Leal, ocupou o cargo de prefeito por
duas vezes durante as décadas de 1940 e 1950, momento esse em que a legenda PSD
dominou o cenário político fluminense a partir do capital político de Ernâni do
Amaral Peixoto, genro de Getúlio Vargas. [1]
Durante o período do
regime do Estado Novo (1937-1945), os prefeitos eram nomeados pelo Interventor
estadual. Foi neste período que João Augusto de Andrade ganhou força no cenário
político de Itaboraí, sendo nomeado prefeito em 1943. Após o fim do Estado
Novo, os partidos novamente se organizaram nas esferas: municipal, estadual e
federal. Novas eleições foram convocadas e os principais atores que estavam
acomodados no poder, durante o regime varguista, rapidamente procuraram se
articular a fim de buscar se perpetuar no poder através das urnas. Em Itaboraí
não poderia ser diferente, pois não foi à toa que João Augusto de Andrade se candidata
a prefeito pelo PSD e vence as eleições de 1947. [2]
O domínio político do PSD
em Itaboraí durante essas duas décadas (1940-1950) foi expressivo, tendo inicialmente
a liderança de Antônio Francisco da Silva Leal, que já havia sido deputado
estadual nas décadas de 1920 e 1930 representando Itaboraí. Essa influência foi
herdada por seu filho, o advogado Antônio Francisco da Silva Leal Júnior.
Importantes melhorias na
infraestrutura do município ocorreram durante o governo de João Augusto de
Andrade, que esteve no executivo municipal por quase dois mandatos consecutivos.
Exemplos destas mudanças são: a Instalação da “luz e força” (energia elétrica)
em 1949 e o calçamento da cidade de Itaboraí iniciado em 1948, onde na ocasião foram
colocados boa parte dos tradicionais paralelepípedos. [3]
Durante o primeiro governo
de Roberto Pereira dos Santos (1951-1955), a família Andrade Leal fundou o
Jornal Tribuna de Itaboraí (1955), no
qual João Augusto de Andrade foi o redator-chefe. O surgimento deste Jornal buscou
defender os interesses deste grupo político, que após grave crise partidária
local (PSD), teve a saída de nomes importantes como o do próprio Prefeito
Roberto Pereira dos Santos e do jornalista Odyr de Barros, diretor chefe do
Jornal Folha de Itaboraí. [4]
Na memória coletiva de
antigos moradores de Itaboraí, associa-se a imagem de João Augusto de Andrade a
uma possível “queima de arquivos históricos” da cidade, algo extremamente
prejudicial para a preservação da memória e história de nosso município. Esse
fato, inclusive justifica em parte a construção de uma imagem negativa ao seu
respeito.
João Augusto de Andrade
ocupou também diversos cargos da administração pública do Estado do Rio de
Janeiro, como o de Procurador da Secretaria de Finanças, cargo que exercia
quando faleceu em 06 de maio de 1970, considerado como suicídio pelas
autoridades policiais de Niterói. [5]
* Professor de História na
rede municipal de Rio Bonito e Mestre em História Política
(UERJ). Autor da obra "A nova Jericó Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do
Iguá em Itaboraí/RJ (1935-1953).
Fontes e Bibliografia:
[1] SOARES, Emmanuel de Macedo. História
Política do Estado Rio de Janeiro (1889-1975). Niterói: Imprensa Oficial,
1987 e PANTOJA, Silvia Regina Serra de Castro. As raízes do pessedismo
fluminense. A política do interventor: 1937-1945. Rio de Janeiro: CPDoc,
1992.
[2] Jornal O São Gonçalo, Ano XVI, Nº7945, 13 de fevereiro de 1946.
[3] Apesar de a instalação do novo
sistema de abastecimento de água (1953) ter ocorrido no governo de Roberto
Pereira dos Santos, é importante destacar as várias iniciativas realizadas por
João Augusto de Andrade para solução desse problema que representou durante um
longo período, uma grave questão enfrentada pela população de Itaboraí. ARRUDA,
Luiz Maurício de Abreu. “A nova Jericó
Maldita”. Um estudo sobre a Colônia do Iguá em Itaboraí/RJ (1935-1953).
Dissertação de Mestrado em História Política, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
[4] Jornal Folha de Itaboraí ( 1953-1957) e Jornal Tribuna de Itaboraí ( 1955-1957).
[5] Jornal O Itaborahyense. Nº 2190, Ano 76, 07 de maio de 1970 e Jornal Diário de Notícias. Nº14584, 07 de maio
de 1970.
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